Sessão da tarde – Garotos Perdidos

No último dia 10 de março faleceu o ator Corey Haim. Para quem é da minha geração, Corey juntamente com Patrick Dempsey sabe que eles eram os reis da sessão da tarde. Hoje Patrick brilha em Grey’s Anatomy, já Corey não teve um final feliz. Filmes como Sem licença para dirigir e Garotos Perdidos fazem parte da filmografia do ator, que suspeitam ter morrido de overdose.

Coincidentemente na semana da notícia do falecimento, uma amiga minha comprou o DVD de Garotos Perdidos. Não perdi a chance de rever esse clássico da minha infância. E quer saber? O filme continua encantador... Como explicar isso?! E não é saudosismo não. Muitas gerações após a minha continuam a se encantar com filmes sobre adolescentes vampiros. O fenômeno “Crepúsculo”  não me deixa mentir.

Mas Garotos Perdidos tem algo de especial. Além do fato de ter sido um dos primeiros, senão o primeiro a explorar o gênero romance/comédia/terror + vampiros lindos de morrer, Garotos não se leva a sério. Tem a leveza dos anos 80 e toda a cafonice da década. Presente nos cabelos e figurinos. Adoro!

Vamos por partes. Nos anos 80 o cinema de entretenimento foi reinventado por muitos diretores que entraram em cena para sacudir o cinema. Steven Spielberg é o maior deles em diversão. Mas houve espaço para Martin Scorsese com filmes mais densos, cults como Taxi Drive e Touro Indomável e para o genial Wood Allen defendendo os filmes que carregam sua força  em diálogos.

Joel Schumacher, o diretor de Garotos Perdidos, estava em seu terceiro filme. Antes de Garotos, apenas O primeiro anos de nossas vidas, vale ser lembrado. Quando o presidente da Warner lhe falou sobre o roteiro ele achou meio bobo e muito arriscado para ele no inicio da carreira. Mas após uma leitura mais caprichada ele viu que a história tinha potencial.

O elenco escolhido a dedo era muito jovem e inexperiente. A dupla de “Coreys” Haim e Feldman (Goonies) em seu primeiro filme juntos. Depois viriam mais 6. Jason Patrick, o ator que interpreta o irmão mais velho que vira vampiro, vinha da televisão. Este seria seu primeiro trabalho no cinema.Depois ele faria alguns bons como Sleepers: a vingança adormecida e outros esquecíveis como Velocidade Máxima 2. Kiefer Sutherland (Jack Bauer) E é claro com apenas 18 anos e com no máximo dois filmes no currículo. A única atriz consagrada era Diane West recém ganhadora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por “Hannah e suas irmãs”. Era de se entender a insegurança do diretor. Ele não fazia ideia se tudo ia dar certo.

Foi convidado para fazer a fotografia do filme Michael Chapman. O cara simplesmente fez a fotografia de Taxi Drive e de Touro Indomável. Chapman só aceitou por que é fã de filmes de terror B e queria muito fazer um filme com essas características.

A maquiagem foi bolada pelo então por um iniciante em maquiagem para cinema. Greg Cannon. Ele bolou algo relativamente simples. Espuma em volta do rosto que apenas mudavam as feições e focou nos olhos. Segundo ele era algo pouco explorado na época. As lentes eram feitas de vidro e o ator só poderia ficar com ela até 4 minutos. Depois disso o oxigênio ficava comprometido. Tenso! Mas o resultado é fantástico. Alguém discorda?

Mas todos esses dados não definem o que faz um filme ser sucesso ou não. Garotos Perdidos ao longo dos anos tornou-se Cult. Da sessão da tarde pulou para a lista dos DVD’s mais vendidos pela Warner. Será a música, a maquiagem, o roteiro, a fotografia? Acho que o segredo é bem mais simples. Foi como eu disse antes, ele não se leva a sério. Tem leveza. Não foi pensado para ser um filme que renderia milhões e faria história. Mais rendeu e fez história. Menos é mais. Na caixa do DVD de Garotos Perdidos está escrito: “Dormir de dia. Fazer festa a noite toda. Ser vampiro é o maior barato.”. O vampiro interpretado por Robert Pattinson tem muito que aprender com os garotos perdidos.