Inspirado em uma série de televisão americana, que ficou no ar de 1959 a 1963, “Os intocáveis” (The Untouchables), com direção de Brian de Palma estreou em 1987, com grande sucesso de público e de crítica. Revendo o filme essa semana, acho o título de um dos grandes filmes do cinema norte-americano questionável. Porém o filme tem mais acertos do que erros.
O filme se passa na década de 30. Acompanhamos a vida do policial Elliot Ness (Kevin Costner), que decide no auge da Lei Seca, combater o legendário Al Capone (Robert De Niro) pelos desmandos na cidade de Chicago. Recruta alguns homens muito diferentes entre si, como o agente/contador Oscar Wallace (Charles Martin Smith), o atirador de elite George Stone (Andy Garcia) e o guarda noturno Jimmy Malone (um impecável Sean Connery, vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante de 1988, pelo filme).
Notas da produção
O diretor Brian de Palma comenta em várias entrevistas que vinha de dois fracassos de bilheteria antes de dirigir “Os intocáveis”. Ele procurava um filme que tivesse apelo popular e que também remetesse à tradição dos grandes filmes de estúdio de Hollywood. Encontrou no roteiro de David Mamet (“Hannibal”) o que procurava. A trama nada lembrava a antiga série, e trazia uma história bem desenvolvida. O diretor sentiu-se livre para criar sem se prender a antiga série.
Alguns problemas surgiram na hora de escalar o elenco. Kevin Costner ainda não era um ator de primeiro time. Brian de Palma só o conhecia seu trabalho em “Silverado” (1985). Após um encontro com Kevin, de Palma teve certeza que ele seria o Elliot Ness, mas o ator recusou o papel. Só aceitou depois de muita insistência de seu agente. Outro problema foi quem interpretaria Al Capone. O estúdio já tinha fechado contrato com o ator Bob Hoskins (“Uma cilada para Roger Rabbit”), mas o diretor queria Robert De Niro. O estúdio alegou que ele já havia estourado o orçamento e que De Niro havia pedido uma pequena fortuna pela participação, que durou apenas duas semanas de filmagem. O diretor bateu o pé, consegui o papel para Robert De Niro e o estúdio teve que indenizar Bob Hoskins.
Elenco fechado, o melhor do filme fica por conta da reprodução maravilhosa da época, filmada na própria Chicago, recriando uma cidade chic e clean, movida pela corrupção. Destaque para a força da música Ennio Morricone (autor da trilha de “Cinema Paradiso”), e dos maravilhosos figurinos de Giorgio Armani e Marilyn Vance, que deram personalidades diferentes aos personagens e recriaram o visual de gângster com um toque moderno.
Um filme de estúdio?
A ideia de Brian de Palma era realizar uma grande homenagem ao naturalismo hollywoodiano e isso ele executa bem. As cenas internas são lindamente executadas. O problema é que muitas vezes nas cenas nas ruas da cidade, tenho a sensação de estar sempre no mesmo lugar. A saída do hotel é igual a do fórum que por sua vez é igual a da delegacia. Por mais que a cenografia tenha caprichado isso me incomodou.
A grata surpresa fica na cena de perseguição a cavalo em uma batida na fronteira do Canadá. Aqui o diretor quebra com a narrativa clássica dos filmes de gângster numa perseguição estilo westerns John Ford.
Naturalismo Hollywoodiano x Vanguarda Russa
Serguei Eisenstein fez parte da Vanguarda do cinema Russo (1890). Suas teorias e livros sobre montagem são estudados e cultuados até hoje. Foi diretor de filmes obrigatórios como “A greve” (1924) e “ Encouraçado Potemkin” (1925). Brian de Palma faz uma bela homenagem ao mestre Eisenstein em “Os intocáveis”. Na cena do tiroteio dentro da estação de tren, o carrinho de bebê que desce a escada enquanto balas voam, é uma referência a famosa cena do “Encouraçado Potemkin”. O diretor reúne em um filme duas correntes de pensamento cinematográfico diferentes: o naturalismo e a vanguarda russa.
Críticas ao filme
A minha crítica ao filme fica por conta de uma má estruturação de alguns personagens, como por exemplo, o de Oscar Wallace (Charles Martin Smith), querendo dar um ar cômico em suas cenas, dá uma quebrada na narrativa do filme. Mas não uma quebrada boa. Há quem goste. A cena final também é bem sofrível. Após uma boa cena de tribunal o filme merecia um desfecho mais interessante do que aquela declaração de Eliot Ness. Pela proposta não alcançada de ser um filme inesquecível de gângster, fica a minha objeção em considerar “Os intocáveis” um filmes “clássico”. Existem outros muito melhores como a trilogia de “O poderoso chefão” (1972, 1974 e 1990, com direção de Francis Ford Coppola), “Scarface” (1983 do mesmo Brian de Palma), “Era uma vez na América” (1984, direção de Sergio Leone).
Apesar de muitas falhas o filme flui de forma razoável, em parte pelo elenco. Kevin Costner é o mocinho perfeito, Robert De Niro é sempre bom, Sean Conery transborda carisma e talento. Mereceu seu Oscar. E se você não tiver um programa melhor, vale uma conferida numa tarde chuvosa.
Abaixo as cenas famosas cenas!
Nossa essa foi de tirar a poeira mesmo, lembro que assisti a série eu era bem novinha.
ResponderExcluirRealmente não é da minha época, mas Robert De Niro e Sean Connery são dois motivos convincentes o suficiente. Além de gostar muito de máfia, tramas e intrigas!
ResponderExcluirVisite: http://pontapedepartida.blogspot.com/
Esse eu nem sonhava em nascer, mas tive a oportunidade de ver o filme. Mas um para a rota das Mafias.
ResponderExcluirhttp://piolhodecinema.blogspot.com/
É um filme ótimo! Não chega aos pés da produção de O Poderoso Chefão, e realmente tem um final sofrível, mas abriu portas para outros filmes de temática semelhante.
ResponderExcluir[]'s
http://musikaholic.wordpress.com/
Hey,
ResponderExcluirdefinitivamente, esse filme é beeem antigo, nem tinham projeto de me fabricar( tô com 17).
Mas pelo que li, esse filme não faz meu tipo, sabe, não gosto muito dessas coisas.
=)
Pedro nunca é cedo para começar a ver bons filmes... Com essa idade eu trabalhava em locadora e via tudo que aparecia na minha frente. Sai da locadora mas a mania não saiu de mim. Valeu a visita. Bjs.
ResponderExcluirSabe, não sei muito de cinema, mas pretendo no futuro começar a comentar filmes, e encontrei em seu blog um ótimo guia para mim, pois vou aprender a escrever e discutir sobre o assunto . Muito obrigado pelas dicas indiretas . :D
ResponderExcluirSeguindo .
http://enorah.blogspot.com/
Adorei Os Intocáveis, e sempre tive curiosidade em ver o Encouraçado Potemkin, conheço a história, alguns videos, inclusive a do carrinho. Realmente é semelhante, né, mas nunca tinha me ocorrido que uma tinha sido inspirada na outra.
ResponderExcluirwww.teoria-do-playmobil.blogspot.com
Não conheço Os Intocáveis, mas pelo o que vi no trailler ai tem uma ação boa esse filme ai hehe .. muito legal o seu blog, tá de parabéns ...te convido a visitar o meu também ...ficarei feliz em ter sua visita ...
ResponderExcluirabraços
Filmes de máfia heein.. meus amigos adoram,com certeza deve ser bom. Gostei muito ! =)
ResponderExcluirto te seguindo tb ;*
Nunca assisti o filme... Valeu pela dica para tardes chuvosas! ^^
ResponderExcluirO Blog é excelente!
Bjs
Srta Champagne