18 maio 2009

O festival, a fila e a velhinha


Está rolando no Caixa Cultural aqui no Rio de Janeiro uma mostra chamada “A história da filosofia em 40 filmes.” A intenção é discutir pontos fundamentais da filosofia através de um diálago com filmes de diretores consagrados como Akira Kurosawa, federico Felline, Ingman Bergman e por aí vai. A idéia é sensacional. Sábado que passou eu estava lá, assistindo Rashomon de Kurosawa. O filme foi um grata surpresa. Em preto e branco, de 1950, ele é tão moderno e bem filmaldo é atemporal. Quem não foi, vá. Mas chegue cedo. O cinema é um ovo e a fila se forma desda das 9:00 da manhã. A sessão começa as 10:30.
E por falar em fila...Assim que eu cheguei na fila, uma senhora se aproximou e perguntou se era a fila do cinema. Respondi que sim, apesar de ela não ter cara de quem curtia filme Japonês + debate de filosofia. Essas palavras juntas pode fazer muita gente correr, aliás aposto que se tivesse gritado isso na porta da Caixa, metade da fila teria evaporado que nem camelô no Choque de Ordem da Prefeitura. Mas a velhinha ficou. E a fila foi crescendo. Minha amiga Lu e Winee chegaram e ficamos papeando sobre outras “artes”.
Vai chegando nossa vez de entrar e de repente...de repente acabaram os ingressos? Como assim? Burburinho...confusão...e os funcionários da Caixa avisam que ainda tem 10 ingressos para os que trabalham lá, que podem ser liberados ou não...Hummm...Momento de comentar em alto e bom som que o evente vai passar um filme JAPONÊS E DEPOIS VAI TER DEBATE DE F-I-L-O-S-O-F-I-A!!!!!! Na nossa frente, duas pessoas desitem. A Tática está dando certo. A fila anda.Entramos.
Antes de entrar, rola uma listinha pra gente assinar e ganhar certificado no final. Depois que assinamos, ouvimos a voz da velhinha trás da gente.
-Por que eu tenho que assinar? Isso aqui é pra que?
-É pra ganhar o certificado no final do curso. – responde o rapaz da lista.
-Que curso?
-O de filosofia...
Encurtando o diálago o cara teve que explicar para a senhora do que se tratava. O filme, o curso, o debate... Ela estava o tempo todo na fila por que? Por quê meu Deus? O que leva uma pessoa a sair de casa sábado de manhã, entrar numa fila no centro da cidade, que a essa altura está perigosamente vazia e não saber do que diabos se trata a fila? Esquizofrenia!?
O debate filosófico até me fez pensar melhor nas velhinhas e as filas. Acho que nem chega a se solidão. Tem gente que gosta de fila mesmo, por que ir contra a maré dá medo. Seguindo o fluxo se tem a falsa impressão de estar na direção certa. Pessoa com medo de olhar a luz e ficam apenas observando as sombras das cavernas e achando que elas são reais quando não passam de rascunhos. Quer outro exemplo? Na hora de entrar outra pessoa se aproxima e pergunta, aqui é a fila da galeria? Detalhe: a galeria era do lado, mesmo, enorrrmeee e vazia. Mas se estava vazia, não podia ser o lugar certo. Mas era. O lugar vazio era o certo.


Trailer de Rashomon


Rashomon – Akira Kurosawa – Japão – 1950
Num templo em ruínas, três homen discutem um caso que acabaram de testemunhar no Palácio da Justiça. Um perigoso bandido violenta a esposa de um samurai e depois o mata. No desenrolar do julgamento, a história vai se complicando pois os depoimentos são muito contraditórios. Um discussão sobre a verdade e a ética, além de ser um show de cinema. Roteiro adaptado de dois contos de Ryūnosuke Akutagawa, considerado “pai do conto japonês”. Akira muda o final da história original, um toque de mestre. Nessa época o Oscar só premiava filmes de lingua não inglesa, se eles fossem muitos bons e foi o caso de Rashomon, ganhador do Oscar de filme estrangeiro.

Para quem se interesar mais, o link do Festival
http://www.caixacultural.com.br/html/main.html

4 comentários:

  1. No final, a velhinha ganhou do Alexandre, do Patrick, do "Rashomon" e do Kurosawa: ela virou a grande atração do evento (pelo menos pra nós, admiradoras das observações desnecessárias). Acho que uma grande parte do público que vai a eventos gratuitos chega com aquela ideia de que "de graça, até injeção na testa", ou seja, sem nem saber onde está se metendo, só pelo prazer de ir a algum lugar sem tirar uma verdinha sequer do bolso.

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  2. Ah, sim, vale a pena comentar sobre os pedreiros-figurantes, que tentaram dissipar a multidão arremessando pedaços de concreto lá de cima do prédio. Assassinos!

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  3. assassinos!


    é, acho que era esse o meu comentário.

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  4. É verdade eu esqueci do risco de vida que corremos naquela fila. Acho que no fim das contas não foi tão de graça assim...Assassinos...Mas se tivesse caido no inicio da fila eu diria: UUUIIIIII agora tem lugar pra gente!

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