Antes de começar este post gostaria de avisar que não sou crítica de arte, não pretendo ser e peço desculpas antecipadas aos intelectuais de plantão.
Para quem não sabe, existe um quadro chamado “Quadrado preto sobre fundo branco.” E este quadro é exatamente o que seu nome diz como vocês podem conferir na imagem. Meu 1° pensamento quando há muitos anos me deparei pela primeira vez com a obra foi: “Tá de sacanagem? Isso aí até eu faço!” Mas esse quadro é considerado um marco na arte moderna e seu autor é Kazimir Malevich. Por que essa obra, aparentemente boba, é tão importante? Isso eu descobri hoje no CCBB na exposição “Virada Russa”. A exposição traz artistas da considerada vanguarda Russa, entre eles Marc Chagall e Vassili Kandínski, que trouxeram com sua arte mais inovações do que pode supor nossa vã filosofia. E esse turbilhão de novidades foi bruscamente interrompido e perseguido pela Revolução Russa.
A arte outra hora tão vanguardista, revolucionária, agora era obrigatoriamente política, como podemos ver nos cartazes com propagandas que encerram a exposição com um gostinho de melancolia. A gente percebe o corte seco que a Revolução Russa causou na arte da região.
Kandínski inovou trazendo o abstrato. Não aquele do consultório médico, mas um abstrato cheio de movimento e cores que realmente mexem com a gente. Tem que ver de perto pra sentir. E eu, que heresia, só o conhecia de nome...E o cara do quadrado? Malevich queria desconstruir tudo que havia antes na arte e propôs com seu Suprematismo uma nova arte. Uma que começasse do zero e o marco foi a obra em questão. Formas geométricas são criações do homem e não existem na natureza. Você já parou para pensar nisso? Malevich, sim. E o quadrado vira cruz, que vira um círculo que vira uma meia xícara projetada por ele (queria uma) e prédios e até figurinos de uma peça.
O quadrado negro, carregado de especulações. Seria uma brincadeira, uma provocação ou uma revolução? A resposta eu deixo pra você leitor. Vá decifrar o mistério do quadrado negro ou ele devora-te.
Beijos de Jacaré para todos!
PS: Este post vai ter a participação do artista plástico Gui Monteur que vai enriquecer o blog do Jacaré. Obrigado querido pela força. Aproveitem logo abaixo!
“Kandínski e Malevich são considerados pais da arte abstrata. Ora Kandinski por um lado mais formal, pelas cores e pela plasticidade. Esse é mais alemão do que russo, pois teve participação efetiva no expressionismo alemão. Ora Malevich por sua negação completa da realidade natural, o que acabou trazendo seus quadros para planos cada vez mais conceituais. Ambos influenciam até os nossos dias as artes plásticas e as aplicadas. O mais engraçado que os dois se envolveram em academias com características bem semelhantes, mas em locais distintos, Kandinski na Bauhaus e Malevich em Vitebsk, um na Alemanha e outro na Rússia. Os livros de Kandinski, já traduzidos em quase todas as línguas, são considerados leitura obrigatória para qualquer artista plástico. Pena que os livros de Malevich ainda se encontrem em russo ou em francês.”
Gui Monteur
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