Crítica: Ondine

O pescador Syracuse interpretado por Colin Farrell tem uma vida difícil. Ex-alcoólatra passa os dias no mar pescando quase nada. Em terra tem que cuidar de sua filha durante as sessões de hemodiálise e aturar uma ex-esposa bêbada e complicada. Tudo muda quando Syracuse literalmente pesca a bela Ondine (Alicja Bachleda) e a leva pra casa. A moça aparentemente não se lembra de nada. A filha de Syracuse passa a acreditar que ela é um ser mítico que veio do mar. Metade mulher, metade foca, que segunda a lenda irlandesa, se apaixona por um homem da terra e esconde sua pele de foca para viver com ele.

O experiente diretor irlandês Neil Jordan ganha e espectador ao colocá-lo sobre o ponto de vista da filha do pescador. Inocentes, embarcamos na fantástica história e se a lenda é verdadeira ou não, eu deixo para quem ver o filme descobrir. Neil Jordan gosta de explorar a cultura irlandesa em seus filmes como, por exemplo, em ”Michael Collins - O Preço da Liberdade” de 1996 com Liam Neeson, que retrata a criação do IRA. O diretor acaba por abusar um pouco de estereótipo cinematográfico do irlandês beberrão, briguento e pobre. Mas neste filme cabe, pois todo conto de fadas tem que ter alguém sofrendo para se encontrar a felicidade de forma mágica.

A fotografia especialmente trabalhada é fascinante e reforça o ar de mistério do filme.O responsável por esta áurea é o fotografo australiano Christopher Doyle, também colaborador do diretor Wong Kar Wai. Os atores estão muito bem em seus papéis. Destaque para a bela atriz Alicja Bachleda, que nasceu no México, mas passou a maior parte da vida na Europa. Quem está muito bem em um pequeno papel é o ator Stephen Rea, habitual colaborador do diretor, interpretando um padre que é quase a voz da consciência no filme. “Ondine” é um conto de fadas moderno que merece destaque. Recomendo.

Ondine (Ondine)

EUA, Irlanda, 2009, Drama

Direção e roteiro: Neil Jordan

Elenco: Colin Farrell, Alicja Bachleda, Stephen Rea, Tony Curran, Alison Barry, Dervla Kirwan, Tom Archdeacon, Emil Hostina, Don Wycherley, Norma Sheahan.

Postado por Tais Carvalho