Jacaré no Download: Nome Próprio

O que move uma paixão? Meu grande desejo sempre foi fazer cinema. Foi e ainda é. Aliás, sobre a paixão ou amor que o cinema desperta leiam o texto de Matt Rocha, que me inspirou muito a escrever sobre a minha parte neste latifúndio. De vez em quando eu tenho crises de insônia. A primeira foi ainda na infância e aos 8 anos de idade o Corujão passou “Sonhos” de Akira Kurosawa. Foi amor a primeira imagem. E como meu amigo Matt, foram anos colecionando entradas de cinema. Até que eu fiz amizade com os porteiros do cinema e parei de pagar entrada. E depois com a moça da pipoca e depois com o gerente e assim foi até a última reforma do Roxy, que acabou com a minha festa. Mas a gente sempre dá um jeito. Comecei a trabalhar em locadoras aos 14 anos e foram muitos filmes diários. Até hoje mato o nome do filme só pela sinopse. O que mais acontecia era gente que chegava à loja sem saber o nome do filme, o nome do ator, etc. E você tinha que se virar pra descobrir qual era a fita. E depois vieram os cursos, de história do cinema brasileiro, de roteiro, de fotografia e atualmente de filosofia no cinema. E mais do que paixão, já virou amor. Já virou minha vida. Faz parte de mim.

O mesmo amor move a personagem de Leandra Leal no filme Nome Próprio. O seu desejo é escrever um livro. Ela tem um blog no qual despeja suas emoções e expõe a sua vida de forma incondicional, até mesmo irresponsável. A procura pela palavra é levada até as últimas conseqüências. Mas como faz parte dela, estava ali o tempo todo. Filosofia à parte, o filme é ótimo. Leandra Leal se entrega de corpo (literalmente) e alma. A fotografia é incrível e a trilha envolvente. Recomendo fortemente. Inpirado nos livros da escritora e blogueira Clarah Averbuck, "Máquina de Pinball" e "Vida de Gato".

E o download? Meu amigo Matt, que me ensinou a baixar filmes que nem louca, acha que ele cortou o flerte que existia antes. Aquela espera gostosa que acontecia quando você sabia da estréia de um filme ou assistia um trailer interessante. Pois a minha paixão, como já disse antes virou amor com o download. Aquela sensação de segurança de quem ama. O cinema está ali, pertinho dos meus dedos, dentro da minha casa. A gente casou, entende? Não? O amor é assim mesmo...inexplicável.

Beijos de Jacaré


Curta o Trailer