13 setembro 2010

Exposição "Fruto Estranho", de Nuno Ramos no MAM.

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro  apresenta, a partir de 14 de setembro de 2010 para convidados, e do dia seguinte para o público, a exposição “Fruto Estranho”, com obras monumentais e inéditas do artista Nuno Ramos, um dos expoentes da cena contemporânea brasileira. Com curadoria de Vanda Klabin, a mostra ocupará três mil metros quadrados, abrangendo o Espaço Monumental do segundo andar do MAM e seu mezanino, no terceiro andar.  A exposição reunirá as obras “Fruto Estranho”, “Verme” e “Monólogo para um Cachorro Morto”.  Somadas, elas pesam 20 toneladas, o que exigiu a participação de um engenheiro calculista, para orientar sua colocação sobre a laje do prédio projetado pelo renomado arquiteto Affonso Reidy (1909-1964).O prédio do Museu de Arte Moderna foi projetado em 1953.

Artista múltiplo e premiado, nascido em São Paulo em 1960, Nuno Ramos transita não só nas artes visuais mas flerta também com a  literatura, a música e  cinema, materializando nos trabalhos dessa exposição, todas as referências.

Fruto Estranho
A obra “Fruto Estranho”, que dá nome à mostra, se constitui de dois aviões monomotores reais, embrenhados em dois troncos de árvores de grande porte, sem folhagens, tudo coberto por uma espessa massa de sabão.  Nuno Ramos conta que ao visitar o MAM para ver o espaço que ocuparia, em meados do ano passado, sentiu que “precisaria de um elemento vertical, para cima. Imaginei outro capítulo, uma continuidade, do trabalho "Mar Morto" , em que havia uma catástrofe, uma colisão entre dois barcos que se atravessavam”. "Mar Morto" foi apresentada no ano passado na galeria Anita Schwartz, no Rio de Janeiro.“Fruto Estranho”, com dez toneladas, tem seis metros de altura.

Das asas dos aviões vai pingar um filete de soda cáustica, que cairá sobre banha contida em um contrabaixo (instrumento musical). Integra ainda a obra um monitor de vídeo onde se vê, em câmera lenta, a cena do filme “A Fonte da Donzela” (1960), de Ingmar Bergman, em que Max Von Sidow derruba uma árvore e se açoita com seus galhos. A cena terá como trilha sonora a música “Strange Fruit” (Fruto Estranho), composta em 1936 por Abel Meeropol, a partir de um brutal linchamento de negros em Indiana, EUA, imortalizada na voz de Billie Holiday.



Verme
A obra “Verme”, que estará no mezanino do Espaço Monumental, é composta de duas imensas esferas de areia socada, com 3,4 m de altura, que, somadas, pesam cerca de oito toneladas. Nuno Ramos só havia trabalhado até agora com areia socada em peças de formato cilíndrico, por conta da fôrma de madeira que utilizava.  A partir de testes com novos materiais para fôrmas, ele chegou à fibra de vidro, em que é possível fazer uma esfera, “uma forma perfeita”. As duas esferas estarão muito próximas uma da outra, o suficiente para uma pessoa passar entre elas. A areia é queimada, proveniente do descarte de uma siderúrgica.

De dentro das esferas sairá um filme projetado na parede, em que dois atores, sentados em cadeiras colocadas a 3,5m de altura, presas em uma parede, lêem o texto “Verme”, escrito por Nuno Ramos ao mesmo tempo em que pensou a obra. Os atores falam cada palavra alternadamente, mas os substantivos e a palavra “verme” são ditos em uníssono. “O texto de ‘Verme’ veio junto com a concepção da obra. Alguém separado de si. Que perdeu sua própria identidade. É próprio do verme dividir, estar segmentado”, explica. “Os atores dividem o texto, a idéia do verme, um bicho nojentão, meio do mal, que anuncia uma coisa por vir”, conta.

Monólogo para um Cachorro Morto
A terceira peça, também colocada no mezzanino, completa a exposição “Fruto Estranho”. O “Monólogo para um cachorro morto” foi apresentado no CCBB Brasília, em 2008, depois de ter tido uma versão anterior, no mesmo ano, na Funarte, em Belo Horizonte.  São cinco pares de lápides de mármore, colocados de frente uns para os outros, com um texto incrustado na face interna, dificultando a leitura. “É um texto enterrado como se fosse o cachorro, um réquiem”. Na última lápide há um vídeo com imagens de um cachorro morto numa rodovia em São Paulo, e o som da leitura do monólogo escrito pelo artista.

Nuno Ramos ressalta que “Monólogo para um cachorro morto” é inaugural dos trabalhos atuais, da série “Soap Opera”.  “Totalmente geométrica, discreta, sem barroquismo algum, reforça a ideia do ciclo, que está ficando muito forte nas coisas que faço. Há coisas em meus trabalhos que se repetem em outras. O cachorro morre e vira sabão”, diz. “Pouco barroco, ‘Monólogo’ vai fazer uma oposição aos dois outros trabalhos”, diz. 

Nuno Ramos ressalta que “as idéias vieram todas juntas”. Ele diz que sempre ficou muito impressionado com a cena da árvore no filme do Bergman”, e que sempre gostou da música “Strange Fruit”. “É sempre assim. Pego a ideia, o ciclo entre os opostos, tentando habitá-los. Anjo x verme, ascensão x queda, morte x vida, música x matéria, técnica x natureza, areia x sabão, branco x negro, tudo em uma cópula”.


Catálogo
A exposição “Nuno Ramos – Fruto Estranho” será acompanhada de um catálogo organizado por Vanda Klabin em um formato não usual: ela convidou seis especialistas nas áreas de arte, literatura, música e cinema, e pediu que eles enviassem, cada um, duas perguntas ao artista, via email. Além dela própria, enviarão questões ao artista o cineasta Arnaldo Jabor, o compositor e ensaísta Francisco Bosco, a doutora em Letras Madalena Vaz Pinto, o curador do MAM Rio, Luiz Camillo Osorio, e os críticos de arte Paulo Sergio Duarte e Ronaldo Brito.  As perguntas e as respostas estarão na publicação. Vanda Klabin teve essa ideia por conta do caráter múltiplo da obra de Nuno Ramos, que transita por todas essas manifestações artísticas.  O catálogo terá programação visual de Sandra Ferreira Antunes Ramos.

Exposição “Nuno Ramos – Fruto Estranho”
Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Abertura para convidados: 14 de setembro de 2010, às 19h 
Visitação pública: 15 de setembro a 07 de novembro de 2010
Curadoria: Vanda Klabin
De terça a sexta, das 12h às 18h Sábado, domingo e feriado, das 12h às 19h
Ingresso: R$8,00
Estudantes, maiores de 12 anos e idosos, pagam: R$4,00
Amigos do MAM e crianças até 12 anos entrada gratuita
Domingos ingresso família, para até 5 pessoas: R$8,00
Endereço: Av. Infante Dom Henrique ,85
Parque do Flamengo – Rio de Janeiro – RJ 20021-140
www.mamrio.org.br

Colaboração de Beatriz Caillaux - CW&ACOMUNICAÇÃO
Postado por Tais Carvalho

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